Elas estão em todos os lugares do planeta: cada país tem suas variedades e receitas favoritas que já se tornaram patrimônio cultural de cada povo. Afinal, quem não conhece as famosas abóboras de halloween dos Estados Unidos? Ou o famoso camarão na moranga brasileiro? Ou ainda, as flores de abóboras recheadas da Itália, as massas e os pães?

Hoje convidamos você para uma leitura mais profunda sobre as origens das abóboras e seu papel importante na alimentação e evolução humana nos últimos milênios. 

Paródia da famosa obra “O Nascimento de vênus” de Botticelli pelo site Sartle.com

ORIGENS

De acordo com Eduardo Valduga, mestre em Ciências Biológicas pela UFPEL, no começo da domesticação das abóboras pelos humanos, a hortaliça era utilizada para o transporte de água e demais líquidos:

“Sim, as abóboras selvagens possuem substâncias que tornam a polpa impalatável. Inicialmente foram utilizadas para o armazenamento de líquidos como água, e em seguida, as sementes que eram descartadas, se mostraram fonte de alimento nutritivo e saboroso. Com o passar do tempo, os frutos menos amargos e as técnicas de cozimento, tornaram a abóbora, junto do milho, do feijão e da mandioca, as 4 principais fontes de alimento dos indígenas da América”.

Cucurbita Peppo, ilustração botânica de Ferdinand Bernhard Vietz, 1804

Pesquisas recentes confirmam que assentamentos agrícolas nos Andes peruanos há pelo menos 9.240 anos atrás já estavam cultivando abóboras (Cucurbita Moschata). Esse legado foi sendo transmitido até chegar às comunidades do território que hoje conhecemos como Brasil. As abóboras cultivadas pelas comunidades indígenas brasileiras foram levadas para a Europa pelos portugueses. Já os espanhóis, colonizadores de outros territórios americanos, também levaram para a Europa as abóboras cultivadas pelos Astecas, Maias e Incas, que por lá fizeram muito sucesso. 

Quando os imigrantes da Alemanha e Itália chegaram ao Brasil no século XIX, trouxeram sementes de suas próprias seleções de abóboras e por aqui seguiram cultivando-as. É por esse motivo que hoje no Brasil existe uma imensa variedade de abóboras e abobrinhas, oriundas tanto de imigrantes quanto de povos originários. 

Ao passar pelas mãos de incontáveis horticultores, que selecionavam as características que mais lhes agradavam nas cultivares, o número de variedades crioulas continuou a crescer. Cada um dos grupos de imigrantes que chegaram ao Brasil, foram trazendo suas variedades de abóbora conforme suas preferências. 

Os descendentes de Italianos dão preferência a frutos de polpa bastante consistente e coloração alaranjada, muito utilizados no preparo do recheio do “tortelli”, por exemplo.

Típico Tortelli Italiano recheado com abóbora. Fonte: https://www.ricettegourmet.com/

Os descendentes de Africanos, por sua vez, trouxeram os frutos de casca bastante dura e polpa fibrosa, os Mogangos, utilizados em pratos doces e salgados. 

Receita de Mogango Caramelado do canal Fátima na Cozinha

Já os descendentes de alemães trouxeram as abóboras ornamentais em diversos formatos, utilizadas na decoração de suas casas. 

Abobrinhas decorativas sortidas da ISLA Sementes

A GRANDE FAMÍLIA DAS CUCURBITÁCEAS

O nome científico das abóboras é Cucurbita, um gênero botânico da família das cucurbitáceas, a mesma família das melancias, melões, pepinos, maxixes, chuchus e claro, abobrinhas. 

No Brasil, as principais variedades encontradas são as cucurbita maxima, cucurbita moschata e cucurbita pepo. As cucurbitáceas, como podemos ver, desempenham um papel muito importante na alimentação humana, especialmente nas regiões tropicais do mundo, como no Brasil, onde seu consumo é bastante elevado.

Abóboras de diferentes cores, formatos, texturas e sabores na Estação Experimental da ISLA Sementes

UM ALIMENTO COMPLETO

Na abóbora, o que mais chama a atenção é a presença de alta quantidade de vitamina A e fibras. Uma porção de 70g fornece mais de 20% da recomendação diária deste nutriente, que não é sintetizado por nosso organismo e deve ser ingerido através da alimentação. Outra característica importante é a sua versatilidade na culinária. Com ela podemos fazer diversos doces, massas, assados, pratos cozidos e fritos. A aboboreira é uma fonte de alimentos ricos e diferentes, dela pode-se consumir os frutos, as flores, as sementes e as folhas. 

Agricultor com abobrinha Bavette na Feira Ecológica do Bom Fim em Porto Alegre

As sementes da abóbora consumidas torradas também são alimentos muito ricos, com maior densidade energética e ricas em carboidratos, proteínas e lipídios, uma excelente alternativa para enriquecer a dieta de veganos e vegetarianos. 

As folhas das aboboreiras também são comestíveis e bastante nutritivas, uma herança culinária dos povos africanos. Elas podem ser consumidas cruas (a brotação da ponta da planta), cozidas ou utilizadas em sopas ou guisados. 

Refogado com folhas de abóbora do site adashoflemon.com

As flores das aboboreiras também são bastante utilizadas na culinária, especialmente na italiana. Rica em fibras, cálcio e vitamina C, é rica em sabor e bastante delicada. Pode ser feita à milanesa, frita ou acompanhar omeletes.

Receita de flor de abobrinha recheada do site organicsnewsbrasil.com.br

IMPORTÂNCIA SOCIAL NO BRASIL

Por ser uma variedade de fácil cultivo, que se adapta muito bem aos diversos climas encontrados na América do Sul, sua versatilidade na culinária (da planta e dos frutos) e o alto valor nutricional, a abóbora representa um importante papel social na mesa do brasileiro.

Segundo levantamentos do IBGE, em 2019 foram comercializadas  mais de 113 mil toneladas do fruto nos principais centros de abastecimento do país. Os principais estados produtores de abóbora no Brasil são Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Bahia, Paraná e Santa Catarina.

A rentabilidade da produção para os produtores é boa, levando-se em conta as variantes de safra, região e transporte. Após o semeio, a colheita das abóboras pode ser feita em aproximadamente  90 dias, sendo 40 dias para as abobrinhas em geral, dependendo da variedade. 

Produção de Abóbora Híbrida Chikara dos horticultores Alberto e Almir Aimi de 2021, estimada em aproximadamente 18 toneladas.

MANEJO E PRODUÇÃO

A temperatura é um dos fatores mais importantes para a cultura de abóboras. Em geral, elas se adaptam bem entre 18°C e 30°C, não suportando temperaturas abaixo de 10°C, quando seu desenvolvimento é paralisado. 

Outro fator muito importante para a produção das abóboras é a polinização. Realizada geralmente por abelhas, que são mais ativas na parte da manhã, mesmo momento quando as flores se mantém abertas. 

Flor de abóbora sendo polinizada por abelhas na Estação Experimental da ISLA

VAMOS CULTIVAR?

No Catálogo 2021-2022 da ISLA Sementes podemos contar quase 40 variedades diferentes de abóboras, abobrinhas, mogangos e morangas. A Diana Werner, Diretora Presidente da empresa, nos conta um pouco sobre a importância social e econômica dessas variedades:

“Acreditamos muito no desenvolvimento da produção das abóboras no Brasil. Elas compõem um grupo de espécies que são nativas das Américas, assim tem cultivo acessível em todas as regiões do país, com diversas variedades e ampla adaptação desde de hortas em casa até grandes lavouras. São nutritivas, de paladar fácil e fazem parte da nossa cultura alimentar” Explica Diana. 

Clique aqui para conhecer todas as variedades de abóboras do catálogo da ISLA e comece agora mesmo a planejar o cultivo dessa hortaliça ancestral e tão importante para a humanidade na sua horta!